sexta-feira, 12 de abril de 2013

Solidariedade



É grave a situação criada no Acre 
pelas levas de imigrantes ilegais

Publicado em 10-Abr-2013

O governador do Acre, Tião Viana (PT), tem toda a razão ao decretar situação de emergência social em dois municípios acrianos, ao acusar o governo federal de "insensibilidade"  e ao responsabilizar o Ministério das Relações Exteriores, em particular, pela gravíssima crise registrada em seu Estado com sucessivas levas de imigrantes.
Elas, agora, não são mais só constituídas por imigrantes haitianos; há também um grande número oriundo de outros países. O problema tornou-se nacional e cabe ao Itamaraty e ao governo federal apoiar o governador, assumir e tentar solucioná-lo. Enquanto isso não ocorre, o governador do Acre foi obrigado a decretar situação de emergência social nos municípios de Epitaciolândia e Brasiléia em consequência da chegada descontrolada de imigrantes nestes locais, em sua maioria haitianos.
Tião Viana alerta que o Estado não tem mais capacidade para lidar com a questão sozinho. Assim, dirige um apelo dramático à União para a resolução definitiva do problema.
"O decreto (de emergência) é um grito de alerta de que a situação chegou ao limite. Transbordou o suportável e nós precisamos de ajuda, e do papel institucional e constitucional do Governo Federal numa questão dessa gravidade. O governo do Acre já assumiu R$ 3 milhões em gastos. A União nos ajudou com R$ 600 mil, mas nós precisamos de uma medida definitiva", diz o governador.

Questão é humanitária, de saúde e de segurança pública

Tião Viana acusa a chancelaria brasileira de "insensível" com o problema. "Eu diria até que (o Itamaraty) está sendo omisso. Ao meu ver,  ele deveria dialogar com Peru e Equador, onde começa a rota, e exigir o visto dos imigrantes. Se esse visto fosse exigido resolveria 90% do problema", diz. "É como se estivesse formada uma rota internacional migratória que se associa a crise social grave que vive o povo do Haiti", explicou o governador Tião Viana.
Esta imigração ilegal tornou-se no Acre uma questão humanitária, de saúde e de segurança pública. O Estado do Acre e o Estado brasileiro, em parceria, precisam buscar emprego e instalações, alimentação e principalmente decidir como agir e como resolver o problema criado pela chegada de milhares de imigirantes e pela onda diária da chegada de novos.

Imigrantes agora vêm também da África, Ásia e América Central

Principalmente porque tudo indica que essa imigração não cessará, já que há um recrutamento e transporte ilegal organizado por coiotes e que não encontra nenhuma barreira legal nas fronteiras do Acre. A questão é seria, basta olhar para a tragédia em que se transformou a fronteira do México com os Estados Unidos. E para os números da situação no Acre.
Já há 1.700 haitianos no alojamento improvisado em um ginásio de Brasiléia, com capacidade para abrigar 250 pessoas.  O secretário Estadual de Direitos Humanos, Nílson Mourão, disse que só entre janeiro e o começo de abril de 2013, cerca de 2,7 mil imigrantes já passaram por Brasiléia  - 1.700 haitianos entraram no Acre nos últimos 15 dias. "A situação fugiu totalmente do controle. Quando nós temos 1,7 mil pessoas, são 5,1 mil refeições por dia, e não existe uma empresa em Brasiléia que comporte. Não existe espaço nem para colocar os colchões no chão", explica o secretário.

Além dos haitianos, pessoas de outros países começam a utilizar a fronteira entre Assis Brasil e a cidade peruana de Iñapari como porta de entrada para o nosso país. Vindos de países como o Senegal, Nigéria, República Dominicana e Bangladesh, eles passaram a dividir com os haitianos o abrigo montado em Brasiléia.

 (Foto: Elza Fiúza/ABr)

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